Mas, será possível, neste contexto de iso-lamento social, quando tudo se modifica, que o processo de escolarização fora dos muros da escola aconteça? Qual é o sen-tido da relação pedagógica professor/es-tudante/conhecimento nessas circunstâncias?
Será que tudo pode acontecer como se apenas mudássemos de casa?
Quem é a autoridade do conhecimento? E se a cultura nos lares de nossos/as estudantes tomar como pressupostos outras bases ideológicas para lidar com o conhecimento do mundo, que não a ciência? Qual é o co-nhecimento necessário neste momento?
Quais os ensinamentos deste novo tempo?
Perguntas difíceis e complexas exigem respostas também complexas. O mundo fi-cou de cabeça para baixo. E não podemos ignorar a realidade, negar que tudo está diferente. No início da pandemia, médicos/ as e profissionais da área da saúde diziam, a todo instante, que estavam aprendendo com a doença. Confessaram que ninguém tinha certeza sobre o que daria certo ou errado para lidar com o vírus. Havia incertezas sobre qual medicamento, qual pro-cedimento médico utilizar. Tiveram que ex-perimentar, inovar!
Estão estudando muito, criando grupos de trabalho em parceria com profissionais que atuam em contextos diferentes, em países diferentes, em sinto-nia, em colaboração. Muito trabalho, muita luta, muita ansiedade.
Na verdade, todos/as nós estamos apren-dendo. O mundo inteiro está aprendendo e o conhecimento está no ar! Todos/as so-mos aprendizes e vulneráveis. Qualquer metodologia é experimental.
E, daqui a 20 anos… vão nos estudar. Vão analisar nossas ansiedades, medos, inseguranças e decisões em busca das respostas.
Mas, uma coisa está muito clara: ninguém consegue vencer uma pandemia e suas consequências solitariamente, mesmo com o distanciamento social. Se a nossa alternativa é entrar nas casas de nossos/ as estudantes, precisamos fazer isso. Pre-cisamos pedir licença para entrar. Reco-nhecer a importância de tentar estabelecer um diálogo franco com a família, com a sua realidade e sua condição sociocultural e material de vida.
Trabalhar coletivamente, estudando junto, procurando respostas em vários lugares e com várias referências, é fundamental. E mais, reconhecer que essa atitude é priori-tariamente uma atitude científica e respon-sável, que revela o cuidado e a empatia com o próximo. Assumir os novos tempos também é uma atitude fundamental. O avanço das tecnologias digitais estão nos permitindo construir infinitas conexões, para que o diálogo se estabeleça e que esse isolamento seja, especificamente, fí-sico.
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