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O Mapa Socioeducacional como Prática Pedagógica da Educação de Qualidade Social

O Mapa Socioeducacional é um instru-mento de reflexão necessário, porque fa-vorece o fortalecimento dos diálogos entre a escola e a família, no atual momento da pandemia. Com o objetivo de possibilitar o conhecimento da realidade social de cada estudante e de suas condições familiares, esse mapa é uma ferramenta rica para a construção de uma prática pedagógica fo-cada no direito às aprendizagens. Ao tomar consciência da realidade dos(as) estudan-tes, mapeada em suas condições concre-tas de vida, os(as) profissionais da educa-ção podem conhecer e entender melhor os desafios e as possibilidades na interação família-escola, de modo a não acentuar as já terríveis desigualdades socioeducacio-nais.

A ideia de construir um mapa surge da importância de tomar decisões relativas a estratégias pedagógicas a serem adota-das pelos(as) educadores(as) em tempos de pandemia, que estejam alinhadas com as realidades dos(as) estudantes, iden-tificadas como forma de compreender os caminhos possíveis de conexões e vín-culos a serem efetivados neste contexto adverso. O uso de celular, notebook, livro didático, apostilas, rádio, TV, redes sociais, entre outros, são alguns dos meios de co-municação que podem favorecer as inte-rações, as trocas e a criação de vínculos entre educadores(as) e estudantes.

Nesse sentido, no atual contexto de dis-tanciamento social, em que é necessário identificar as condições reais das famílias e dos(as) estudantes, compreendemos que o Mapa Socioeducacional tem um caráter pedagógico e se apresenta como uma es-tratégia importante para os(as) professo-res(as) nas interações com seus agrupa-mentos de estudantes; para a escola, na construção de seu Projeto Político Peda-gógico; e para o órgão central, na cons-trução de ações de gestão intersetorial. Considera-se que as novas realidades e incertezas oriundas da pandemia desafiam as escolas a se reinventarem em busca de formatos inovadores para a efetivação dos processos de ensino-aprendizagem.

Tendo em vista a dimensão territorial da Rede Municipal de Educação de Belo Ho-rizonte, as escolas municipais construíram uma diversidade de Mapas Socioeduca-cionais e, assim, adotaram formas varia-das no compartilhamento de suas ações educativas com os(as) estudantes e suas famílias, o que demonstrou compromisso e respeito com a qualidade social da educa-ção. Percebe-se, assim, que a dinâmica de elaboração dos mapas permitiu traçar os perfis dos(as) estudantes, o que possibili-tou o surgimento de novas estruturas para a organização do trabalho escolar e a con-figuração de agrupamentos mais persona-lizados, flexíveis e focados nos discentes, de acordo com suas demandas de apren-dizagens.

A elaboração do Mapa Socioeducacional requer o uso de metodologias que identi-fiquem não somente dados quantitativos.

É preciso qualificar as informações levan-tadas, tendo em vista o contexto da reali-dade da escola e daquela vivida por cada um dos sujeitos relacionados no mapa. Es-tudantes e suas famílias, professores(as), educadores(as), coordenadores(as), dire-ção escolar, parceiros(as) e equipes inter-setoriais dos territórios em que as escolas estão inseridas são sujeitos importantes nas redes de proteção a crianças e adoles-centes e devem fazer parte do Mapa So-cioeducacional, como forma de apresentar elementos que enriqueçam a compreensão dos dados e possibilitem a articula-ção de ações que viabilizem o ensino e a aprendizagem dos estudantes.

Os Mapas Socioeducacionais precisam responder às seguintes questões: quais são as condições atuais dos(as) estudan-tes, das suas famílias e dos(as) profissio-nais da educação frente aos desafios da pandemia? Como as escolas podem se organizar para que os(as) estudantes con-tinuem seus processos de aprendizagem escolar sem acentuar as desigualdades socioeducacionais?

Nesse sentido, podemos dizer que o Mapa Socioeducacional é um instrumento para o planejamento docente, no atual contexto de distanciamento social e de suspensão das atividades presenciais nas escolas, mas a sua construção não se encerra nes-te momento da pandemia. Ele está no âm-bito da escola e se aplica ao fazer docente, em sua prática, nas relações de ensino–aprendizagem. Por isso, paralelamente ao levantamento de informações sobre as condições dos estudantes e suas famílias, é necessário contemplar informações so-bre os(as) docentes e funcionários(as), tais como: número de professores(as) e funcionários/as pertencentes aos chama-dos “grupos de risco”; número de profes-sores(as) e funcionários(as) que convivem, em suas casas, com pessoas que também estão inseridas nesses grupos; número de professores(as) que têm acesso a meios tecnológicos como computador, notebook, entre outros equipamentos similares ne-cessário à realização do trabalho remoto. Além disso, do ponto de vista socioemo-cional, é muito importante apreender as condições emocionais de estudantes/famí-lias, diretores(as), coordenadores(as), pro-fessores(as) e funcionários(as), buscando promover ações de acolhimento da comu-nidade escolar.

A efetividade do mapa será materializada em ações conjuntas, que considerem a ar-ticulação entre os sujeitos, os conhecimen-tos e os processos. Sendo assim, é funda-mental a participação dos(as) profissionais da educação, bem como das equipes inter-setoriais presentes no território de cada es-cola, em sua elaboração. Eles precisam ter voz e vez na construção das ações educa-tivas desenvolvidas pelas escolas, consi-derando o Projeto Político Pedagógico, os Percursos Curriculares de cada segmento da escolarização, os referenciais curricu-lares para o ensino e a aprendizagem, a Organização do Trabalho Escolar (dentro das possibilidades da realidade atual) e os projetos e programas desenvolvidos por meio de parcerias.

A partir das informações coletadas nesses Mapas Socioeducacionais, as equipes das escolas e suas coordenações pedagógi-cas, podem reorganizar os agrupamentos de estudantes, visando a garantir condi-ções semelhantes de atendimento e de interação a todos os grupos, observadas suas especificidades. A partir dessas con-dições, podem e devem surgir formatos diferentes e inovadores, com o intuito de estreitar o diálogo e os vínculos possíveis no contexto adverso do distanciamento so-cial.

Assim, as condições específicas de cada estudante e também dos/as docentes serão os eixos norteadores da nova Organização do Trabalho Escolar para a efetivação dos processos de ensino-aprendizagem. No-vas formas de agrupamentos de estudan-tes, diferentes das tradicionais e usuais turmas; novos tempos e espaços de traba-lho; novas perspectivas educacionais e de avaliação das aprendizagens terão lugar em novas e mais contemporâneas intera-ções pedagógicas entre professores e es-tudantes.

Por meio do estreitamento da colaboração coletiva entre todos os sujeitos pertencen-tes à rede de proteção de crianças e ado-lescentes, o movimento de construção de dentro dos muros escolares para fora (e também de fora para dentro) será, de fato, integrado, repleto de novidades criadas pelos próprios sujeitos em interação, car-regado de respeito às diferenças e atento ao atendimento quase personalizado, na busca pelas chances reais de realização do ato educativo, mesmo em tempos de distanciamento social.

As instituições de educação (escolas e cre-ches parceiras) constituem pontos na rede de proteção de crianças e adolescentes nos territórios. E não se pode negar que o distanciamento social impõe desafios à efetivação desse papel. Contudo, quando da articulação com as famílias, seja no pro-cesso de mapeamento socioeducacional, seja nas ações de interação entre escolas e estudantes/famílias, é importante atentar para elementos que indiquem situações de violências, violações de direitos e/ou outras vulnerabilidades que coloquem em risco a vida de crianças, adolescentes, jo-vens, adultos(as) e idosos(as).

Nesses casos, é necessário, inclusive, no-tificar o Conselho Tutelar e demais órgãos de proteção e defesa dos direitos sobre tais situações, por meio das Diretorias Re-gionais de Educação. Em síntese, na pers-pectiva da educação integral, tendo os(as) estudantes como foco, é importante que a escola efetive a intersetorialidade como metodologia de articulação com as demais políticas públicas presentes no território, que podem contribuir muito para esse ma-peamento.

contextos e sujeitos de ensino-aprendiza-gem são múltiplos e peculiares, compreen-demos que as ideias e concepções aqui abordadas podem contribuir para fomentar discussões no cotidiano da equipe peda-gógica e inspirar a elaboração de novas propostas de trabalho com experiências matemáticas significativas na infância.

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  • por dupin