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O(A) Estudante como centro do processo de ensino-aprendizagem no ensino híbrido

A escola é uma instituição importante na socialização e na formação para a cida-dania, por meio da efetivação de proces-sos educacionais complexos, integrais e integrados. Partindo dessa premissa, a escola assume o papel de articuladora das diversas experiências educativas que os(as) estudantes podem viver dentro e fora dela, a partir de intencionalidades pedagógicas claras e bem definidas, que favoreçam as aprendizagens, a sistemati-zação de conhecimentos essenciais para o desenvolvimento integral dos sujeitos e para a construção de projetos de vida.

No contexto da pandemia da Covid-19, caracterizado pela suspensão das ati-vidades escolares presenciais, torna-se ainda mais notável e necessária a defi-nição das intencionalidades pedagógicas para a realização das atividades de ensi-no híbrido, levando sempre em considera-ção os seguintes questionamentos: quem são os(as) estudantes? Quais são suas condições de vida (social, material, afeti-va, cultural)? Como os(as) estudantes e suas famílias se organizam dentro e fora de casa para tentar satisfazer plenamen-te suas necessidades da vida diária? Em que ponto estão nos processos de forma-ção humana e de aprendizagem? O que a escola pode oferecer atende às suas necessidades? Quais são suas condições de acesso às tecnologias do mundo con-temporâneo?

Essas e outras perguntas problematizam a condição do ser humano, do sujeito, do ‘ser estudante’. Desnaturalizar essa con-dição é necessário, porque essas respos-tas colaboram para o entendimento de que a educação é um processo formativo e contínuo, dependente das circunstân-

cias e dos contextos em que ele aconte-ce e dos locais em que as experiências são vividas. Trata-se de um processo que ultrapassa as habilidades cognitivas pes-soais e prepara crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos para a vida em sociedade com dignidade.

A centralidade no sujeito (criança, ado-lescente, jovem, adulto e idoso) é o pon-to de partida para uma organização do trabalho escolar que tenha como foco o desenvolvimento dos(as) estudantes em todas as suas dimensões: intelectual, fí-sica, emocional, social e cultural. Reco-nhecer a pluralidade das dimensões dos sujeitos e suas peculiaridades no proces-so de desenvolvimento é condição ne-cessária para o sucesso dos processos de ensino-aprendizagem que articulem os conteúdos escolares com os saberes da experiência. Cada sujeito é único na sua condição humana e é múltiplo, quan-do considerado no interior de sua cultura específica. Daí a importância de situá-lo como foco dos processos de escolariza-ção e de educação em geral e, de modo mais enfático, neste momento em que é essencial repensar a organização escolar em face do contexto pandêmico.

A fragmentação do processo de aprendi-zagem dos(as) estudantes em etapas que não dialogam, a centralidade da prática pedagógica no(a) professor(a), a desvalo-rização dos saberes sociais e culturais e o planejamento do currículo focado apenas em conteúdos científicos são concepções que encaram os(as) estudantes como me-ros seres receptores de informações, des-conectados(as) do mundo globalizado, além de concebê-los(as) de uma forma genérica, que os(as) naturaliza como simples estudantes de um determinado ano do processo de escolarização.

Nesse sentido, é preciso compreender que o ser humano é fruto das relações es-tabelecidas no grupo social em que vive e cresce, dependente das oportunidades e limitações que o rodeiam, sendo, coti-dianamente, formado e conformado por esse campo de experiências. E faz-se necessário considerar que o mundo está cada vez mais pautado pela velocidade da era digital, que cria, liga, conecta es-paços, tempos, culturas, eras, sistemas em linguagens múltiplas. A agilidade con-quistada pelas tecnologias digitais desafia escolas e educadores(as), convocando a mudança, a fomentar práticas pedagógi-cas inovadoras que dialoguem mais com os sujeitos entre si e que coloquem os(as) estudantes como verdadeiros(as) prota-gonistas, criadores/as e produtores/as de projetos de vida que tragam mais sentidos e significados para suas trajetórias esco-lares que, no momento atual, precisam se inserir em contextos socioculturais cada vez mais interligados a ambientes virtuais.

Frente aos vários desafios apresentados, no contexto de reorganização do traba-lho escolar, garantir direitos de aprendi-zagens significa reconhecer que a escola deve acolher tanto o(a) professor quanto o(a) estudante na sua integralidade cog-nitiva, social e cultural e considerar, ain-da, as demandas dos(as) educadores(as) referentes a conhecimentos sobre as vá-rias ferramentas, ambientes e linguagens tecnológicas que dialogam com o mundo contemporâneo, que é o campo nativo dos(as) estudantes das novas gerações. Assim, a empatia, o acolhimento e o diá-logo entre estudantes e educadores(as), considerando suas necessidades de rela-cionamento social, são fundamentais para que ambos estabeleçam uma relação de confiança, de modo a garantir as trocas de experiências no processo de ensino–aprendizagem e favorecer que se com-plementem como sujeitos que se formam no ato de ensinar e aprender.

Entretanto, para permitir projeções de diálogo e de sucesso nas aprendizagens dos(as) estudantes, a escola precisa reo-cupar seu lugar como uma das principais instituições presentes em suas vidas. Apesar das limitações impostas à intera-ção com os(as) estudantes e suas famí-lias, a escola precisa retomar sua con-dição referência para a proteção social, para o aprendizado da vida em socieda-de, para o diálogo com as diferenças e a participação na vida social, com civilidade e de forma cidadã. Assim, a despeito do distanciamento físico imposto pelas medi-das de enfrentamento à Covid-19, a esco-la poderá se reafirmar como lugar onde se aprende a entender e a respeitar o outro; como lugar do afeto, da acolhida, da sen-sibilidade; lugar onde é possível aprender, mas também errar e começar novos pro-cessos de aprendizagem.

A escola deve, portanto, promover o diálo-go e estimular a reciprocidade de maneira inclusiva. Ou seja, precisa ser capaz de li-dar com as diversidades e as complexida-des dos seres humanos, compreendendo que a educação inclusiva ultrapassa a ne-cessária acessibilidade pedagógica, cur-ricular, linguística e comunicacional para as pessoas com deficiência, pois implica assegurar a todos(as) o direito ao conhe-cimento amplo e essencial. Ao se preocu-par com esses aspectos, a escola acolheos(as) estudantes na sua integralidade e possibilita um ambiente fértil e seguro para a construção de uma rede de apoio e de proteção a todos os membros da comunidade escolar, nela incluídos os(as) docentes que buscam suporte para o enfrentamento de suas dificuldades didáticas. Além disso, oferecer e assegurar o direito a uma educação de qualidade social também se configura como um fator protetivo para a sociedade, de modo geral, na medida em que possibilita, de forma democrática, a participação social tão importante na construção do mundo atual.

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  • Última modificação: 01/06/2021 10:23
  • por dupin